Eduardo Kobra

O brasileiro Eduardo Kobra nasceu na periferia de São Paulo e se tornou um dos mais importantes artistas visuais contemporâneos do mundo, com obras em mais de 40 países, em cinco continentes. Pacifista, defensor do meio ambiente e sensível a causas humanitárias, seu trabalho reflete a esperança de que, com fraternidade e solidariedade, as pessoas possam melhorar o mundo. Entre seus grandes feitos, estão dois recordes globais registrados pelo Guinness Book: em 2016, ele fez ‘Etnias’, no Rio, então o maior mural grafitado do mundo, com 2,5 mil metros quadrados; no ano seguinte, superou a si próprio com uma obra de quase 6 mil metros quadrados no interior de São Paulo. Em 2018, Kobra pintou de forma quase simultânea 19 murais em Nova York, celeiro mundial da street art. O projeto, batizado de “Cores pela Liberdade”, teve imensa repercussão e fez com que o artista brasileiro fosse nomeado personalidade do ano pela prestigiada revista cultural Time Out. Esse projeto foi pano de fundo para o filme biográfico “Kobra – Auto Retrato”, documentário concebido e dirigido pela cineasta Lina Chamie. O longa, lançado em 2022, ganhou o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Durante a pandemia de Covid-19, o artista envolveu-se intensamente em ações humanitárias. Entre seus trabalhos feitos no auge da crise sanitária, destaca-se “Respirar”, em que Kobra transformou um cilindro de oxigênio inativo em uma impactante obra de arte – que, após vendida, teve o valor revertido na compra de duas usinas de oxigênio hospitalar para a região norte do país. Nesta época, começou a ser concebido o Instituto Kobra (IK), entidade fundada por ele e sua esposa, Andressa Munin Leo, com o objetivo de fazer da arte uma ferramenta de transformação social. A sede da instituição está em fase inicial de construção na cidade de Itu, no interior de São Paulo. Também fica em Itu uma recente novidade. Como forma de se aproximar do público e de tornar a arte mais acessível, Kobra abriu um de seus ateliês de trabalho para visitação pública. O espaço fica no interior do FAMA Museu. Nos últimos anos, cada vez mais museus e galerias de arte têm se rendido ao talento do brasileiro, antes restrito às ruas e espaços públicos. No fim de 2023, ele exibiu a série “Black Lives” no Historic Hampton House Museum of Culture & Art, em Miami, nos Estados Unidos, local intrinsecamente ligado à história afro-americana. Na mesma época, Kobra esteve em cartaz no Palazzo Blu, em Pisa, na Itália – a mostra “Recortes” dialogava com trabalhos de outros artistas exibidos ao mesmo tempo pela casa, como Picasso, Dalí e Mondrian. O artista já expôs também em Nova York, nos Estados Unidos; Londres, na Inglaterra; Dubai, nos Emirados Árabes Unidos; entre outros.

De pichador a artista renomado

A trajetória de Kobra começou de maneira muito simples: no fim dos anos 1980, ele era um adolescente que pichava muros na zona sul de São Paulo. Na década seguinte, entendeu que poderia fazer do talento o ganha-pão e passou a trabalhar fazendo cartazes para eventos e cenários para brinquedos em um grande parque de diversões. Mas sua paixão era a arte de rua. Autodidata, buscou em grandes mestres do muralismo mundial o refino técnico a ser buscado e foi aprimorando seu próprio estilo. Em 2007, apareceu pela primeira vez com destaque na mídia por conta de seu projeto “Muro das Memórias”, em que reproduziu fotos antigas de São Paulo pelas ruas da cidade. Quatro anos depois, recebeu um convite da cidade de Lyon, na França. Ali pintou pela primeira vez fora do país. Nunca mais parou. Hoje, suas imagens ricas de mensagens sociais ecoam em todo o planeta.